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quinta-feira, 5 de março de 2015

Educação em Alerta.

Ola Turma.
Vamos nos atualizar e verificar como esta a educação em noso pais. A revista Gestão Educacional, nos alerta para a educação no Brasil nos ultimos anos!!!

Educação em alerta

04 de março de 2015
Resultados das avaliações externas de larga escala revelam que os estudantes brasileiros não estão aprendendo como deveriam

Fonte: Revista Gestão Educacional



Os últimos resultados das avaliações externas de larga escala mostraram que os estudantes brasileiros não estão aprendendo como deveriam; ao contrário, estão com notas baixas e médias aquém das metas estabelecidas. Isso evidencia que muitos deixam a escola sem, de fato, aprender. Esse cenário é expresso em números pelas avaliações como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a Prova Brasil, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o último Ideb, de 2013, indicador da qualidade de ensino que considera o fluxo e o desempenho escolar, a média dos estudantes de escolas públicas e particulares dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio ficou dois pontos abaixo da meta. Os dados da Prova Brasil de 2013 – avaliação que verifica a proficiência nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências de alunos das escolas públicas – mostram que 24,45% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental não alcançaram o nível mais baixo de proficiência.
Para Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do movimento Todos pela Educação, os diferentes diagnósticos evidenciam um cenário preocupante na educação. “Observamos a pior situação do ensino médio, com a regressão dos indicadores em vários estados, e uma situação de alerta já nos anos finais do ensino fundamental. Tínhamos a expectativa de que, à medida que melhorassem os resultados dos anos iniciais, isso se refletiria nos resultados dos anos finais, mas estamos vendo que isso não está acontecendo”, observa.
A necessidade de olhar para os últimos anos do ensino fundamental com mais atenção é apontada por Alejandra, que sugere a discussão de uma política educacional específica para esse período. “É uma etapa que tem particularidades: existe a transição da infância para a pré-adolescência e temos a mudança de estrutura do professor de referência para o especialista, que exige mais autonomia dos alunos. Além disso, existe carência de professores com formação adequada, já que o especialista acaba preferindo o ensino médio por lhe dar melhores possibilidades de carreira”, aponta Alejandra.
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, explica que as avaliações externas mensuram uma parte pequena do que seria a qualidade de ensino, mas que isso não modifica o fato de que a educação pública não vai bem. “Qualquer cidadão que tenha filhos na escola pública, visite ou conheça alguém que estude em escolas públicas pode observar isso”, afirma.
Reflexos na sociedade
A pesquisa Retratos da sociedade brasileira: educação básica, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada em dezembro de 2014, mostrou que 85% dos entrevistados acreditam que uma educação de baixa qualidade pode comprometer o desenvolvimento do país. Especialistas corroboram com a opinião mostrada pela pesquisa e destacam que a má qualidade da educação pode levar a carências no cenário profissional, além de ocasionar impactos socioculturais negativos. “Já observamos a falta de mão de obra qualificada. Outra questão preocupante é a educação pensada como formação do cidadão”, diz Alejandra.
Daniel Cara ressalta o fato de o país não estar aproveitando seu último bônus demográfico – que significa que temos a população ativa maior que a dependente, situação que favorece o desenvolvimento – para investir na educação. “Essa é a última geração [com predomínio] de jovens e crianças. Já na próxima geração, a de 2020, o país irá começar a envelhecer e, a partir de 2040, seremos um país de adultos e idosos”, observa. Por isso, afirma o especialista, o Plano Nacional de Educação (PNE) tem a responsabilidade de fazer com que as crianças e os jovens de hoje tenham acesso a uma educação de qualidade, de maneira que tenham condições de estruturar e viabilizar economicamente o país. “A quantidade de aposentados que teremos daqui a alguns anos será enorme. Se não trabalharmos bem essas questões, seremos demograficamente uma Europa, mas em termos de formação cultural continuaremos sendo um país em desenvolvimento. É o pior cenário possível”.
Mudanças na educação
Diante dessa situação, especialistas ressaltam ações e temas que exigem atenção da sociedade e do governo. Para Alejandra, apesar de não existir “bala de prata” na educação, a grande questão a ser aprimorada é em relação à formação de professores. Alejandra ressalta também que o sistema nunca será melhor que a qualidade de seus profissionais. Além disso, é preciso pensar em uma aproximação da formação continuada com a realidade da sala de aula. “Há diversos estudos que mostram que a formação de nossos professores está muito deslocada da prática de sala de aula”, comenta.
Outra questão apontada é em relação à discussão de um currículo básico nacional, que garanta que todos os alunos da mesma idade em escolas diferentes da rede pública recebam o mesmo conteúdo. “As avaliações externas trouxeram um norte para os professores saberem o que se espera que um aluno saiba ao final de um ciclo. Mas a definição de uma base nacional comum irá permitir que o profissional da educação, os pais e os alunos saibam o que se espera que eles tenham aprendido ano a ano”, diz Alejandra. Isso também deve trazer uma direção na definição dos currículos de formação de professores. “Aí teremos uma consequência que pode ser transformadora para a educação”.
Para Daniel, é preciso, ainda, que as escolas públicas tenham condições de dar elementos suficientes para a realização do processo ensino-aprendizagem. “São elementos como um melhor salário inicial para o professor, número adequado de alunos por turma, além de questões estruturais da escola, que garantem que o estudante possa se apropriar efetivamente do aprendizado”.